E-Book: O Oriente Médio na perspectiva marxista

Descrição

O livro Oriente Médio na perspectiva marxista foi publicado pela primeira vez em 2007, sob a organização de José Welmowicki. Agora, a Editora Sundermann traz uma nova edição revisada desta importante coletânea de artigos.

Dezoito anos se passaram. De lá para cá, a região seguiu com transformações políticas e sociais profundas. Destacamos alguns dos principais fatos que marcaram o Oriente Médio desde então.

Em 2010, teve início a Primavera Árabe. Em dezembro daquele ano, na Tunísia, uma onda de protestos se espalhou por diversos países árabes, exigindo o fim de regimes autoritários, mais liberdades civis e justiça social. Abriu-se, então, um rico processo revolucionário. Egito, Líbia, Síria, Iêmen e Bahrein foram alguns dos países mais afetados. Governos foram derrubados, como Mubarak, no Egito, enquanto em outros países, como na Síria, os protestos deram lugar a guerras civis e revoluções.

A guerra civil na Síria, que teve início em 2011, tornou-se um dos mais longos e devastadores episódios da história recente, envolvendo o regime de Bashar al-Assad, grupos rebeldes, o Estado Islâmico, o imperialismo estadunidense e outras potências estrangeiras, como Rússia e Irã. Em 8 de dezembro de 2024, o ditador Bashar al-Assad e sua família fugiram para Moscou. A queda da ditadura, após treze anos, foi comemorada em todo o país e por refugiados sírios e ativistas em todo o planeta.

No Iêmen, a partir de 2015, uma guerra entre o governo iemenita, apoiado pela Arábia Saudita, e os rebeldes houthis, apoiados pelo Irã, causou uma das piores crises humanitárias do mundo, com milhares de mortos e milhões de pessoas em situação de fome e deslocamento.

No Ira, protestos cresceram, principalmente apos 2019, exigindo mais liberdade e o fim do regime ditatorial teocrático. No cenário externo, o país sofreu sanções severas dos eua após a saída do Acordo Nuclear em
2018 e se envolveu em vários conflitos na região.

Na Arábia Saudita, o principe herdeiro Mohammed bin Salman promoveu reformas sociais e econômicas ambiciosas, como o fim da proibição de dirigir para mulheres, mas sob forte pressão – e repressão – política. O assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018, provocou escândalo internacional.

Sob o governo de Recep Tayyip Erdogan, a Turquia passou por um endurecimento autoritário, repressão a opositores e políticas expansionistas na região. Também desempenhou papel ambíguo em conflitos como a guerra da Síria e as tensões com os curdos.

O Líbano enfrenta um colapso econômico desde 2019. O pais passa por uma grave crise financeira, política e institucional. A explosão no porto de Beirute, em 2020, agravou a situação. O Hezbollah segue influente no cenário interno e envolvido em conflitos com Israel.

Em especial depois de 2023, os ataques de Israel à Palestina se agravaram de forma significativa. Em outubro de 2023, o Hamas lançou um ataque a partir de Gaza. Foi o pretexto para a resposta israelense: genocídio e limpeza étnica por meio de um dos ataques militares mais brutais da história. Sob bombardeios intensos, há uma grave crise humanitária e um número altíssimo de mortos civis palestinos. A situação humanitária em Gaza é catastrófica, e não há perspectiva de cessar-fogo duradouro até o momento. A ocupação da Cisjordânia também se intensificou, com aumento de assentamentos e repressão. Já são dezoito meses de massacre.

Em todos os casos, um elemento se destaca: a resistência dos povos árabes. Ou sumud, palavra árabe que significa firmeza, resiliência.

Apesar do tempo que nos separa de 2007 e da intensidade dos acontecimentos no Oriente Médio, esta coletânea não perdeu, de modo nenhum, sua importância. Aqui são apresentados pontos de vista diferentes, muitos até contrapostos – do que é apresentado na mídia e, inclusive, por muitas organizações da esquerda. Acreditamos que os textos aqui presentes são uma base para entender o passado e o presente, bem como um apoio para ajudar a transformar a realidade.